Por que revisitar Super Mario World?
Recentemente, vi um vídeo sobre as melhorias na emulação de Super Nintendo que aconteceram nos últimos anos. Fiquei sabendo da existência do emulador bsnes-hd, um fork do emulador bsnes, com suporte para efeitos de Mode 7 em alta resolução, além de suporte para widescreen. O jogo Super Mario World recebeu um patch para o funcionamento adequado em widescreen e, como esse é um dos jogos que mais marcaram minha infância, decidi aproveitar essa chance para zerar o jogo novamente, finalmente completando 100% do jogo.
Um pouco da minha história com o jogo
Quando Super Mario World lançou em 1991, eu nem sonhava em nascer. Meu primeiro contato com Mario, na realidade, foi com o jogo Super Mario Galaxy 2 ou New Super Mario Bros Wii, não lembro muito bem e eu fiquei obcecado com essa série de jogos. A primeira vez que eu joguei Super Mario World foi quando um amigo do meu pai instalou um emulador de Super Nintendo em um notebook dele, junto com uma rom do jogo. Até hoje lembro o quão especial foi jogar aquele jogo pela primeira vez.
Não lembro muito bem o que me chamou atenção, mas eu lembro da primeira vez que eu derrotei o primeiro castelo do jogo. Recordo até desse amigo do meu pai contando alguns dos segredos do jogo, dizendo para eu prestar atenção nas fases marcadas de vermelho no mapa, pois elas tem segredos, além de me mostrar a Top Secret Area, uma fase em que você pode pegar os power-ups do jogo e o Yoshi.
Eu gostava muito do mapa do jogo e também muito do power-up de capinha, já que não existia nada equivalente aquilo aos jogos do Mario que eu havia jogado até então. Eu achava o jogo muito difícil, não lembro se cheguei a zerar nessa primeira experiência que eu tive com o jogo. De qualquer forma, foi muito marcante para mim.
Quando eu cresci um pouco, eu consegui zerar o jogo e, na minha pré-adolescência, eu comecei a fazer speedrun do jogo também. Eu aprendi vários dos segredos do jogo e eu gostava de explorar o mapa, porém fazer 100% nunca foi algo que chamou minha atenção, principalmente porque sempre achei essa uma tarefa muito chata. De qualquer forma, eu acho que devo ter zerado o jogo mais de 10 vezes, sem contar as speedruns.
Super Mario World modernizado
Jogar o jogo na sua forma original é um pouco difícil. Além de os preços de um Super Nintendo e uma fita do jogo serem caros, esses jogos foram feitos para serem mostrados em tvs de tubos, com o console não tendo saída HDMI.
Graças à emulação, podemos ter uma experiência modernizada desse jogo, praticamente um remake não oficial. Para isso, primeiro baixei o emulador bsnes-hd, que possui o suporte para widescreen. O jogo original foi feito para uma proporção 4:3, no entanto, os monitores de hoje em dia são 16:9. Esse emulador permite que possamos jogar o jogo em 16:9, como se fosse um jogo moderno. Além disso, é preciso aplicar uma modificação da rom do jogo, mas basta seguir o tutorial presente no repositório do patch. Assim ficou o jogo na minha tv, com todas as modificações aplicadas:
Comentários sobre o jogo
Em Super Mario World, somos introduzidos a um novo mundo que não conhecíamos até então: a Ilha dos Dinossauros, uma ilha em que Mario, Luigi e a princesa Peach vão passar alguns dias de férias. Porém, Peach é capturada pelo Bowser e Mario e Luigi conhecem Yoshi, que também teve seus amigos capturados pelo Bowser. Eles juntam forças e entram nessa aventura para resgatar Peach e os amigos dinossauros do Yoshi.
A primeira coisa que chama atenção nesse jogo, comparado com os jogos anteriores, é o seu mapa de mundo. Ao contrário de Super Mario Bros 3, o mundo é completamente conectado, e não são “mundos separados” como antes. Há até múltiplos caminhos para navegar pelo mundo, e a primeira fase já é escolha do jogador.
Uma das coisas que eu gosto desse mundo conectado é que o jogo trabalha para manter uma coesão nesse mundo. No jogo, cada parte do mundo parece ser passar de fato no mesmo um cenário, porém ainda exibindo variedade. O primeiro jogo da série Super Mario tinha o mesmo cenário: o Reino dos Cogumelos, porém todas as fases eram iguais por limitações técnicas. Aqui, vemos cenários montanhosos, de florestas, etc mas tudo seguindo o mesmo estilo, nos dando a ideia de que é claramente a mesma ilha.
Vejo poucas pessoas comentando como a música também ajuda na construção desse mundo coeso. A maior parte da trilha sonora desse jogo se utiliza de leitmotif, uma frase musical curta que é repetida em todas as músicas. Se você perceber, independente do tipo de fase e do lugar que você está no mundo, as músicas das fases de castelo, de água, underground, overworld, athletic todas possuem um mesmo conjunto de notas musicais que se repetem. O jogo faz isso muito bem, mudando o ritmo, percussão etc, então muitas pessoas jogam o jogo inteiro sem sequer perceber isso.
Eu gosto muito das fases desse jogo. Diferentemente de jogos modernos do Mario, a movimentação do Mario é bem simples: ele pula, pode correr e também tem um pulo girando que pode ser utilizado para quicar em inimigos que ele não pode matar com o pulo normal. Por conta disso, as fases são bem mais fases de “precisão” e sobre desviar de obstáculos.
Isso é uma digressão, mas eu gosto muito dos primeiros 4 jogos do Mario por causa desse estilo de level design. Os jogos modernos seguem um modelo de introduzir um gimmick (mecânica) por fase, em vez de utilizar os movimentos do próprio Mario como mecânica de fase. A série New Super Mario Bros basicamente funciona desse jeito, o que eu acho que enjoa e o último jogo 2d Super Mario Wonder é a última evolução disso com as Wonder Seeds.
As fases com o tema Athletic são as minhas favoritas, pois geralmente elas são as mais difíceis e frenéticas. É bem difícil você ficar parado nessas fases, você sempre tem que estar se movimentando para desviar de inimigos ou pular em plataformas em movimentos. Uma que eu gosto muito é uma fase em que há várias bullet bills sendo atiradas de várias direções, forçando o jogador a sempre estar em movimento para desviar delas.
Esse jogo reduziu bastante o número de power-ups comparado com o seu antecessor. Os únicos power-ups aqui são a flor de fogo e a capinha. Em compensação, a adição do Yoshi muda muito o jogo, já que ele pode derrotar boa parte dos inimigos os comendo.
Tenho minhas críticas à capinha. Ela permite que você pegue voo, assim como o Tanooki Mario do jogo anterior, mas também permite que você possa voar indefinitivamente. Quando eu era pequeno, esse era meu power-up favorito, pois eu gostava demais de voar e achava legal essa liberdade. Hoje em dia, eu não gosto tanto, pois eu acho que facilita o jogo demais e também quebra boa parte da lógica desse jogo. A diversão desse jogo vem das fases que são desafios de plataforma, mas a capinha permite que você os ignore completamente. Muitas vezes, eu me via não utilizando a capinha simplesmente para experienciar o level design do jogo.
Voltando a comentar sobre o mundo, eu gosto muito de como ele é cheio de passagens secretas. As fases são marcadas em vermelho quando possuem passagens secretas e é algo que realmente faz a gente querer explorar o mapa e descobrir cada segredo daquele lugar. Fazer 100% do jogo é algo muito prazeroso por conta disso.
Fica aqui um destaque para o Special World, um mundo que pode ser desbloqueado depois do jogador encontrar vários segredos do mapa. Lá, estão as fases mais difíceis do jogo, que utilizam várias mecânicas legais, como água que muda de nível de acordo com o tempo da fase. Essas fases são muito bem vindas, principalmente pelo seu alto nível de dificuldade, é basicamente um teste de tudo que o jogador passou pelo jogo.
Conclusão
Super Mario World ainda é um jogo excelente, principalmente com as modernizações permitidas por emuladores, como o próprio mod para widescreen. Ainda prefiro Super Mario Bros 3, principalmente porque acho que as mecânicas e power-ups daquele jogo são melhores, mas Super Mario World ainda possui um espaço guardado no meu coração. O jogo é ótimo de fazer 100% e é muito divertido ficar procurando os segredos da fase para desbloquear novos caminhos no mapa.
Última modificação em 2025-08-24